Foi-se o tempo em que bullying era algo
praticado apenas no ambiente real, com agressões físicas ou verbais, num
cantinho da escola, da rua, ou da própria casa. Com o advento da internet e
tantas coisas se adaptando ao mundo virtual, surgem novos termos e novas formas
de praticar coisas que só fazíamos pessoalmente. Entre todos, surge também o cyberbullying, a mesma violência, mas nua nova forma de agredir, sendo até
mesmo muito mais pesada em alguns casos, com consequências quase sempre
desconhecidas, que acabam por tomar caminhos realmente drásticos.
Para entender o cyberbullying, é
necessário conhecer sua origem, o sempre tão polêmico bullying. Segundo a
Revista Escola, o bullying “é uma
situação que se caracteriza por agressões
intencionais, verbais ou físicas, feitas de maneira repetitiva, por um ou mais
alunos contra um ou mais colegas”, o termo não tem uma tradução para o
português (a palavra bully significa valentão), mas define formas de tirania e
opressão praticada principalmente por crianças e adolescente em escola, onde
uma pessoa ou um grupo, intimida ou ameaça uma outra pessoa, gerando medo,
insegurança e outras marcas.
Nos
últimos anos, mais estudos tem sido feitos sobre esse tipo de violência, sobre
sua definição e o que de fato o caracteriza, na tentativa de compreender melhor
o termo e assim poder combate-lo, mas apesar de todos os esforços, campanhas e
tentativas de conscientização, o bullying ainda é uma das violências que mais
cresce, mesmo por não existir definição e caracterização exatas, os casos nem
sempre são reconhecidos, as punições não são devidamente e aplicadas e, em
muitos casos, quando o são, já é muito tarde.
Como
primeira definição, o cyberbullying nada mais é que uma versão virtual da
violência praticada aqui fora, mas a verdade é que a questão é bem maior que
isso, as adaptações provocadas por essas mudanças aliadas às características da
internet têm aumentando significantemente as proporções que muitos casos tomam,
a violência, que já foi tanto taxada de brincadeira inocente, está se tornando
de fato perigoso e até mesmo tirando vidas.
O
cyberbullying, que ficou conhecido como um bullying melhorado é o ato de
difamar, ridicularizar ou humilhar pessoas através da internet, utilizando
ferramentas oferecidas pela mesma e fazendo uso de características que deveriam
ser usados para coisas mais produtivas, por assim dizer. Como por exemplo, a
facilidade de se manter anônimo, os cyberbullies (os “valentões da internet”)
podem agredir uma pessoa online sem se identificar, o que dificulta a punição,
embora seja possível descobrir a identidade da pessoa anônima através de
investigação, essa uma medida que geralmente só é tomada em casos que passaram
dos limites, sem definir realmente o que significa passar dos limites quando o
assunto é esse.
Além
disso, uma difamação/humilhação feita pela internet, através de blogs, redes
sociais, e-mail e etc., toma maiores proporções, as pessoas tomam conhecimento
numa velocidade muito maior, a “brincadeira” atinge os familiares da vítima,
amigos e de forma muito pior a própria vítima, a exposição que ela sofre, tendo
algo vergonhoso a seu respeito sendo lido e observado por pessoas do mundo todo
(tamanha é a velocidade a abrangência que algo na internet pode chegar) é
assustadora, a vítima nunca está preparada para algo do tipo e muitas vezes a
pressão é insuportável, visto ainda que as “brincadeiras” feitas online causam
efeitos na vida da pessoa, alterando seu convívio, sua personalidade, sua forma
de agir e de lidar com os problemas.
Em geral,
os efeitos do cyberbullying são semelhantes aos do próprio bullying em si, mas
as proporções que as humilhações atingem no meio virtual pioram muito a
situação daqueles que são vítimas da prática. A possibilidade do anonimato,
anteriormente citada, também possibilita o aumento da quantidade e da perversão
com que são usadas as mentiras, imagens e difamações para com outra pessoa.
O assunto
pode ser novo, mas a prática é antiga e tem sido mais adaptada do que qualquer
outra coisa e gerado polêmicas controvérsias e casos que geram muita
repercussão e trazem à tona as discussões sobre o assunto a cada vez que
aparecem na mídia. Um dos casos mais famosos de cyberbullying que fugiu do
controle e repercutiu no mundo inteiro foi o caso da adolescente canadense Rehtaeh Parsons. A jovem foi vítima de um estupro por quatro
rapazes, em 2011, com apenas 15 anos, os agressores filmaram e fotografaram a violência
e depois postaram nas redes sociais. A menina passou a ser agredida verbalmente
na escola onde estudava, a repercussão das imagens fez com que ela mudasse de
escola, ainda assim a história a perseguiu nos corredores da nova escola, sem
conseguir aguentar a pressão, os xingamentos e as próprias imagens, a
adolescente se suicidou em abril de 2013, aos 17 anos. Os casos são muitos e
segundo a Agência Fiocruz, o suicídio tem aumentado entre vítimas de
cyberbullying.
A questão
é extensa, o mundo virtual abre um leque de possibilidades que acabam sendo mal
usados, casos como o da estudante Rehtaeh Parsons retomas as discussões sobre
como identicar e punir os agressores, a cidade onde ela vivia foi uma das
primeiras a estabelecer leis contra o cyberbullying e criar uma delegacia
especializada no assunto, na tentativa de tentar conter uma prática tão abusiva
que só tem crescido, mas as identificações, punições e criações de leis a
respeito ainda são muito vagas e incompletas.. Adolescentes, crianças, até mesmo
famosos são vítimas de agressores que se julgam protegidos pelo anonimato e até
mesmo de páginas inteiras que julgam estar apenas brincando sem ter ideia do
mal que estão fazendo, os efeitos só as vítimas conhecem e muitas delas –
infelizmente – não sobrevivem para contar.
Maggie Paiva
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