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sábado, 6 de setembro de 2014

"We're lost in time, like tears in rain"

Mega cidades ciberpunks ou seriam nossas cidades atuais?

Tristeza, grandes metrópoles e seres humanos no seu constante conflito entre sua natureza e a virtualidade. Podemos dizer que essas são as tags quando falamos em Cyberpunk, um termo que envolve diversos conceitos em diversas frentes, como alguns exemplos à seguir: revistas em quadrinhos, RPGs, games, ideário do livre fluxo da informação, ciberativismo, ciberfeminismo, defesa dos direitos do ciberespaço, movimentos de software livre, open source, jornalismo colaborativo, entre outros.

Fenômeno típico do universo midiático dos anos 80, esse termo aparece para designar um movimento literário no gênero da ficção científica, nos Estados Unidos, unindo altas tecnologias e caos urbano, sendo considerado como uma narrativa tipicamente pós-moderna.

Outra usabilidade é sua designação para os ciberrebeldes, underground da informática, com os hackers, crackers, phreakers, cypherpunks, otakus, zippis.

Dos pontos apresentados, sem dúvida, o mais conhecido e generalizado pelas mídias de massa é o da literatura. A alcunha foi primeiramente usada pelo escritor norte-americano Bruce Bethke em sua short-story homônima (...) mas seu uso foi popularizado alguns meses mais tarde pelo jornalista do Washington Post, Gardner Dozois no seu artigo de 30 de dezembro de 1984, Ficção Científica nos anos 80.

O gênero

Como gênero, resguarda em suas características a fusão homem-máquina, o implante de memórias, a ideia de superação da carne pela mente, a dissolução do real e simulação (...), a metrópole soturna e o estilo technoir 

O universo põe em conjunção o reino da tecnologia de ponta, da acionalidade da hard science, por um lado, e do subterrâneo, do poder ditatorial de megacorporações, de inteligências artificiais, de vírus e do caos urbano, por outro.

Alguns exemplos: nos quadrinhos Homem Aranha 2099, Akira, Judge Dredd; em filmes como Blade Runner, Tron: uma odisseia eletrônica, Matrix.

Mega City One: a representação de uma cidade que consume à todos


Seu nome pode ser compreendido como o reconhecimento em implicações de um mundo cibernético
no qual a informação gerada por computador e manipulada torna-se uma nova fundação da realidade e demonstrar a sua atitude alienada e às vezes cínica com a autoridade e o estabelecimento de todos os tipos.

Timothy Leary defendia o cyberpunk como uma atitude em relação ao mundo contemporâneo e à Sociedade da Informação. Um comportamento que explora a criatividade individual através do uso de todas as informações e dados disponíveis via tecnologia.

Homem Aranha 2099: produtos culturais diversos se apropriam da estética cyberpunk

Larry McCaffery  explicita as relações entre o punk e o cyberpunk, comentando que os últimos se apropriaram de aspectos específicos da iconografia, estética e ênfases temáticas punks e as incorporaram em sua ficção.

O punk e o cyberpunk usam a tecnologia como uma  arma contra ela mesma e tentam reduzir o controle de sua forma a partir dos efeitos da indústria da midia e restabelecer um senso de ameaça, de intesidade.

Sem dúvida, ao contrário da morte anunciada desta cibercultura, o legado do cyberpunk encontra-se mais próximo do que imaginamos. Sua estética, mobilidade afeta e desenvolve as novas mídias e movimentos sociais e até ciências como a biotecnologia.

Talvez nem tudo esteja perdido no tempo, nem tudo torne-se lágrimas na chuva.

Lucas Bernardo Reis


Me ajudaram:

A ficção cyberpunk em outras mídias: uma análise de Akira e Cidade Cyber por Rodolfo Rorato Londero

Ficção científica cyberpunk: o imaginário da cibercultura por André Lemos

Visões perigosas: para uma genealogia do cyberpunk por Adriana Amaral

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